Na Estrada 01: Uma Bela Pinta

Na Estrada 01: Uma Bela Pinta

Bem-vindo(a), viajante!
É um prazer ter você aqui. Sou Thiago Mondel, e apresento neste conto uma jornada única, repleta de descobertas, encontros e momentos inesquecíveis.
Reafirmo que a história a seguir é 100% fictícia, mas quem sabe? Talvez a vida tenha um jeito curioso de transformar ficção em realidade. Então, ajuste seu cinto, prepare-se para a viagem e deixe-se levar pelas palavras.
Que essa aventura seja tão envolvente para você quanto foi para mim ao escrevê-la.

Minha primeira viagem. Depois de anos confinado atrás de uma mesa, vendo o mundo apenas através de telas e relatórios, finalmente conquistei a liberdade, e quero vivê-la em cada detalhe, sem reservas. Planejei cuidadosamente quarenta e cinco destinos, um para cada ano da minha vida, e em cada fim de semana, vou me entregar a experiências intensas e inesquecíveis. Quero sentir o gosto da vida sem filtros, sem limitações impostas pelo cotidiano exaustivo.
Meu primeiro ponto no mapa? Brasília. Há algo fascinante na cidade desenhada com traços de modernidade e grandiosidade. Inspirado pelos versos de Renato Russo, sigo em direção ao coração do país, onde o céu parece mais vasto, e cada avenida larga me dá a sensação de infinitas possibilidades. Com a mochila pronta e a mente aberta, embarco nessa jornada esperando que ela seja muito mais do que apenas uma mudança de cenário, mas sim o início de algo maior, algo que transforme cada passo em uma história digna de ser contada.

O ônibus seguia firme pela estrada, cortando a escuridão da madrugada. Encostado na janela, eu observava as luzes distantes de Brasília começarem a surgir no horizonte. Era estranho finalmente ver com meus próprios olhos o que antes só conhecia por fotos e reportagens. A cidade que sempre me pareceu um conceito distante, quase abstrato, agora se materializava diante de mim, grandiosa e cheia de mistério.

Os prédios e monumentos se revelavam aos poucos sob a iluminação amarelada dos postes. A silhueta do Congresso Nacional, imponente na vastidão da avenida, parecia testemunhar minha chegada. A Catedral de Brasília erguia suas colunas brancas como mãos postas ao céu, e ao longe, o Palácio da Alvorada descansava como um guardião silencioso da noite. Cada um desses lugares carregava histórias que eu estava prestes a tocar, mesmo que por um instante.

A cidade parecia respirar de maneira diferente à noite. Poucos carros cruzavam as largas avenidas, e o vento seco penetrava pelas frestas da janela, trazendo um cheiro que misturava concreto e terra quente. Brasília não me recepcionava com alarde, ela apenas existia, esperando que eu descobrisse seus detalhes.

Então, a rodoviária surgiu à frente. O ônibus desacelerou, os freios chiaram suavemente, e senti aquele último sacolejo antes de, finalmente, colocar os pés no chão. Mochileiros, trabalhadores e passageiros recém-chegados se misturavam em despedidas e reencontros silenciosos. Respirei fundo. Eu estava aqui. E minha jornada estava apenas começando.

Não carregava grandes bagagens, apenas uma mochila nas costas. Queria ser leve, ágil e, acima de tudo, discreto. Brasília me recebeu sob um céu sem nuvens e ruas tranquilas, a cidade adormecida sob o brilho frio dos postes.

Os passageiros do ônibus desapareceram rapidamente, como se cada um soubesse exatamente para onde ir, seguindo seus caminhos programados sem hesitação. Eu, por outro lado, fiquei ali por um instante, respirando o ar seco da madrugada e tentando absorver minha nova realidade.

Meus olhos vasculharam o entorno até encontrarem um pequeno refúgio: uma padaria aberta. As luzes quentes do interior e o aroma sutil de café fresco me trouxeram uma sensação de conforto inesperada. Depois de horas na estrada, nada parecia mais convidativo do que um café forte e a promessa de um instante para organizar meus pensamentos antes de seguir adiante.

O café veio como um alívio imediato, uma injeção de ânimo na quietude da madrugada. Enquanto eu segurava a xícara quente entre as mãos, observava o ambiente ao meu redor, mesas ocupadas por homens exaustos, caminhoneiros e taxistas lutando contra o sono, estendendo seus turnos na esperança de mais algumas horas produtivas. O cheiro de café misturava-se ao peso da noite, e tudo ali parecia estar em câmera lenta, afundado em cansaço.

E então, no meio daquele mar de olhares pesados e gestos lentos, havia uma ilha de energia pulsante: Lidia. Ou ao menos era esse o nome bordado em seu uniforme. Ela circulava entre as mesas com uma leveza que contrastava com o ambiente arrastado, um sorriso vibrante no rosto e uma disposição quase impossível para aquele horário.

Não demorou para que eu me rendesse à sua conversa animada. Ela era a companhia perfeita naquele instante, e entre pedidos por mais café e um ou outro acompanhamento, acabei contando minha história, quem eu era, o que fazia ali e por que Brasília era meu ponto de partida. Lidia escutava com genuíno interesse, como se meu relato fosse uma pausa necessária na monotonia da madrugada. E, de alguma forma, naquela troca espontânea, o café parecia ainda mais saboroso.

A vida é construída sobre delicados alicerces de breves momentos, e este não seria uma exceção. Depois de pouco mais de uma hora de conversa, já beirando duas da manhã, o turno da padaria chegava ao fim.
Outros funcionários começaram a surgir, assumindo suas posições no balcão. Lídia voltou à minha mesa com um último café, seu sorriso ainda iluminado pelo entusiasmo da noite. O vapor subia da xícara enquanto ela a pousava diante de mim, como um encerramento perfeito para aquela conversa inesperada.
— Gostei muito de conversar com você. — disse, apoiando-se levemente no balcão. — Meu turno acabou. Saio em vinte minutos.
Segurei a xícara quente e sorri.
— O prazer foi meu. Sua companhia foi um sopro de energia nesta noite.
Ela riu, com um gesto casual,
— Você vai passar o fim de semana por aqui, certo? Volte aqui. Amanhã é minha folga, mas domingo estou de volta.
Inclinei-me um pouco para trás na cadeira, observando-a com curiosidade.
— Folga! Isso que explica sua animação?
Ela soltou uma risada leve, mas havia um brilho diferente em seus olhos agora.
— Não apenas isso. Passei em um concurso! Hoje vou comemorar com minhas amigas no Império.
O nome do bar despertou minha atenção.
— Império? O bar?
Ela confirmou com um aceno, verificou o relógio e soltou uma pequena exclamação.
— Por sinal, estou atrasada. — disse, jogando o avental por cima do balcão antes de sair pela porta, como se sua energia finalmente tivesse encontrado um novo rumo.
Sorri sozinho. A noite tinha sido boa, mas estava se encaminhando para o fim. Então, do lado de fora, ouvi sua voz.
— Escuta. Você pretende mesmo amanhecer o dia neste balcão frio?
Ergui o olhar. Lá estava ela, parada diante da janela, com um sorriso travesso e olhos brilhantes.
— Pela manhã, vou buscar hospedagem. Neste momento, é minha opção.
Ela cruzou os braços, inclinando-se para frente.
— Venha comigo. Tequila vai te cair muito melhor do que este café amargo.
Por um instante, hesitei. Mas minha primeira noite na cidade tomava um rumo inesperado, e eu não podia ignorar que a possibilidade me parecia… interessante.

Saímos da padaria juntos, e a noite de Brasília nos envolveu com seu ar seco e o silêncio peculiar das ruas amplas. Caminhávamos lado a lado, e a conversa fluía com naturalidade, como se nos conhecêssemos há muito mais tempo. Lídia tinha uma energia contagiante, e mesmo com a diferença de idade, nossas perspectivas se cruzavam de maneira interessante.
— Então, você decidiu largar tudo e viajar? — perguntou ela, com um tom de curiosidade genuína.
— Foi mais uma necessidade do que uma decisão. Depois de anos preso a uma rotina sufocante, percebi que precisava de algo mais. E você? Passar em um concurso é um grande passo.
Ela sorriu, olhando para o chão por um instante antes de responder:
— É, foi uma luta. Mas sabe, às vezes a gente se prende tanto a um objetivo que esquece de viver o caminho. Hoje é a primeira vez em muito tempo que me permito comemorar de verdade.
Havia algo na maneira como ela falava que me fazia sentir que, de alguma forma, estávamos em jornadas paralelas, cada um buscando um tipo de liberdade.
Depois de cerca de quinze minutos, chegamos ao Império. O bar era vibrante, com luzes coloridas que escapavam pelas janelas e o som abafado de música e risadas preenchendo o ar. Lídia abriu a porta com confiança, e o ambiente nos envolveu imediatamente.
— Venha, quero te apresentar minhas amigas. — disse ela, puxando-me pelo braço.
No canto de uma mesa, três mulheres conversavam animadamente. Lídia se aproximou com um sorriso largo.
— Gente, esse é o Thiago. Acabei de conhecê-lo, mas já posso dizer que ele é boa companhia.
As três me cumprimentaram com simpatia. Paula, de cabelos cacheados e um olhar atento, parecia ser a mais séria do grupo. Emily, com um sorriso fácil e uma gargalhada contagiante, irradiava leveza. E então havia Vanessa.
Vanessa era impossível de ignorar. Morena, de cabelos pretos lisos e um sorriso que parecia carregar segredos, ela me observou com um interesse que não tentou disfarçar. Seu vestido ousado revelava a pele impecável e, logo acima do decote profundo, uma pinta bem marcada entre seus seios parecia quase proposital—um detalhe que atraía o olhar como um pequeno convite silencioso.
Ela estendeu a mão com um gesto tranquilo, mas seu olhar tinha um brilho divertido.
— Thiago, é um prazer. — disse, sua voz carregando um tom de curiosidade e desafio ao mesmo tempo.
Segurei sua mão por um instante, sentindo que aquele encontro tinha um significado além da casualidade.
— O prazer é meu. — respondi, consciente de que a noite acabava de ganhar um novo tom.

O bar Império estava em plena vibração. Luzes coloridas refletiam nas paredes, e o som da música preenchia o ambiente com uma energia pulsante. Lídia e suas amigas ocupavam uma mesa próxima ao balcão, onde os drinks eram preparados com precisão quase artística. A noite era delas, e cada gole parecia ser uma celebração de conquistas e liberdade.

Paula, sempre prática, pediu uma caipirinha de saquê com limão, enquanto Emily, com seu espírito leve e descontraído, optou por uma espanhola de morango, cujo tom vermelho brilhante parecia combinar com sua personalidade vibrante. Vanessa, por sua vez, escolheu um mojito, mas seu olhar estava mais focado em Thiago do que no drink à sua frente.

Lídia, animada pela atmosfera e pelo sabor doce e cítrico de sua caipirinha de maracujá, ria com facilidade, deixando claro que aquela noite era especial. Thiago, sentado ao lado dela, observava o grupo com curiosidade e se deixava envolver pela energia contagiante das mulheres. A conversa fluía naturalmente, alternando entre brincadeiras, histórias e confissões leves.

— Então, Thiago, qual foi o momento mais louco da sua viagem até agora? — perguntou Emily, inclinando-se para ouvir melhor.

Ele sorriu, tomando um gole de sua cerveja antes de responder:

— Acho que foi decidir começar. O resto tem sido uma mistura de surpresas e encontros inesperados, como esta noite.

Paula e Emily trocaram olhares cúmplices, percebendo a conexão crescente entre Thiago e Lídia. Vanessa, por outro lado, mantinha um sorriso discreto, mas seus olhos não deixavam de observar cada movimento dele.

— Vocês dois estão tão próximos que já dá até para tirar uma foto! — brincou Emily, levantando o celular.

Lídia riu, mas antes que pudesse responder, Thiago se inclinou e a beijou. O grupo explodiu em risadas e aplausos, celebrando o momento como parte da festa. O beijo foi breve, mas carregado de significado, e a partir dali, os dois ficaram juntos, trocando carinhos e conversando como se o resto do mundo tivesse desaparecido.

Enquanto os drinks continuavam a ser servidos, o grupo se aproximava ainda mais. Vanessa, embora discreta, não deixava de lançar olhares que carregavam uma certa intensidade, como se estivesse esperando o momento certo para agir.

Quando a noite chegou ao fim, Vanessa pegou as chaves do carro e se ofereceu para levar as amigas para casa.

— Vamos lá, meninas. Vou deixar cada uma no seu canto. — disse ela, com um tom prático, mas carregado de intenção.

Lídia foi a primeira a ser deixada, e antes de sair, ela olhou para Thiago com um sorriso que parecia prometer mais encontros.

— Foi uma noite incrível. Até breve. — disse ela, tocando levemente o braço dele.

— Até breve. — respondeu ele, observando-a desaparecer pela porta.

Agora, apenas Vanessa e Thiago permaneciam no carro. O silêncio inicial foi quebrado por um comentário dela, com um tom que misturava curiosidade e provocação:

— Então, você e Lídia… Parece que a noite foi boa para vocês.

Thiago sorriu, mas antes que pudesse responder, Vanessa estacionou o carro em um lugar mais tranquilo.

— Mas sabe, a noite ainda não acabou. — disse ela, inclinando-se ligeiramente para ele, o olhar carregado de intenções.

O clima no carro mudou, e a intimidade entre eles começou a crescer, deixando no ar a promessa de que aquela noite ainda guardava surpresas.